2024 marca o final do terceiro mandato que cumpro na Presidência do Conselho de Administração de Serralves, pelo que considero ser este o momento ideal para refletir sobre o percurso trilhado pela Fundação ao longo dos últimos nove anos. Durante este período foi delineada e executada uma estratégia ambiciosa que procurou consolidar Serralves como uma referência cultural, expandindo a missão da Fundação, alargando as suas áreas de atuação, fortalecendo o seu corpo fundacional e aumentando e diversificando os seus públicos. Esta foi a base de uma transformação que abriu Serralves em várias direções, tornando-a mais inclusiva, acessível e presente em diferentes geografias e comunidades. Hoje, Serralves dedica-se à promoção da arte contemporânea, da arquitetura, do cinema, da paisagem, do ambiente e da reflexão sobre temas críticos da sociedade e o seu futuro. Todas estas vertentes cresceram em número e relevância durante a última década. Considerado um dos mais belos jardins históricos do mundo, com os seus 18 hectares de biodiversidade cuidadosamente preservada, o Parque de Serralves celebrou o seu centenário em 2023, reafirmando o estatuto de espaço emblemático de diálogo entre natureza, arte e ciência. Este lugar único destaca-se como o elemento unificador da Fundação, integrando vários edifícios que foram construídos ao longo dos anos, de que se destacam a Casa de Serralves, o Museu de Arte Contemporânea, a Casa do Cinema Manoel de Oliveira e a nova Ala Álvaro Siza. Reconhecendo o seu enorme potencial, nos últimos anos, foi dada prioridade à revitalização do Parque, conferindo-lhe centralidade e ampliando a sua dinâmica e programação. O Parque passou a contar com um intenso programa de atividades, incluindo visitas, ciclos regulares de conversas, conferências e exposições anuais de relevo, com enfoque específico no ambiente e na ciência, reforçando a sua função de espaço de conhecimento. O Parque estabelece também um diálogo constante com as restantes áreas de programação da Fundação, sendo palco de grandes eventos como o Bioblitz, o Serralves em Festa, a Festa do Outono ou o Serralves em Luz — nos quais Serralves investiu significativamente nos últimos anos democratizando a sua oferta e alargando os seus públicos —, bem como de exposições de grande impacto que transcenderam as paredes do Museu e apresentaram no Parque obras dos mais reconhecidos artistas do mundo. É no Parque que encontramos também obras de destacados artistas portugueses e estrangeiros, em exposição permanente, que foram reforçadas nos últimos anos com peças de Anish Kapoor, Olafur Eliasson, Rui Chafes e Cabrita. Para reforçar a identidade do Parque enquanto Monumento Nacional e laboratório vivo de sustentabilidade ambiental, foram concretizados vários projetos de recuperação e valorização, como a criação da zona dos Charcos (numa ótica de sensibilização para a necessidade de proteção da biodiversidade aquática no espaço urbano); a recuperação da zona do Prado; a requalificação do emblemático Roseiral, que recuperou a sua grandiosidade histórica; as intervenções nas áreas contíguas à Casa do Cinema Manoel de Oliveira e à Casa de Serralves, no seguimento das obras de construção e restauro de ambas; a grande plantação de espécies autóctones na zona da Mata, na sequência da construção do Treetop Walk, assegurando assim a renovação do Parque. Outros projetos estruturantes incluíram a construção de uma nova estufa inclusiva com fins educativos e de investigação e a adaptação da Horta e dos caminhos da Quinta para assegurar acessibilidade universal. Foi ainda iniciada a requalificação do Lago e do Jardim das
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