Relatório & Contas 2019
26 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2019 A mesma dedicação se aplica à coleção Miró. Trata-se de uma coleção única de cerca de 80 importantes obras que em 2019 foram exibidas internacionalmente no Palazzo delle Arte Napoli (PAN), em Nápoles, Itália. Uma coleção é uma entidade viva, um projeto inacabado e um corpo sempre em crescimento. Este ano fomos abençoados com o enriquecimento da coleção com grandes aquisições, ofertas e depósitos de grandes artistas portugueses e internacionais, emergentes e confirmados, de Manuel Casimiro, Artur Barrio e Álvaro Lapa, a Martine Syms, Hito Steyerl, Robert Mapplethorpe e Anish Kapoor. Estes recursos, estes padrões de exposições e compromisso com a inovação e excelência artística, são em geral raros e únicos em Portugal. Há alguns meses, ao deambular pelo museu encontraríamos uma importante instalação de Susan Hiller, pertencente à coleção de Serralves. Na ala direita do museu estava a exposição de Joan Jonas e, na esquerda, a exposição retrospetiva de Joana Vasconcelos. 3 grandes exposições de 3 grandes artistas; um museu inteiro dedicado as obras de mulheres artistas. Num momento em que os cânones da história da arte são desafiados com intensidade e justiça em muitas instituições, estas opções permanecem como uma forte, mas silenciosa, perturbação desses mesmos cânones. Poucos meses depois, Serralves inaugurou na Casa a exposição Paula Rego. O Grito da Imaginação , homenageando a profundidade da coleção de Serralves e o legado de uma das mais destacadas e disruptivas artistas portuguesas. Muitas vezes, os cânones são desgastados pelo trabalho interdisciplinar. Desde o seu início, há 30 anos, as artes performativas fazem parte, por essa mesma razão, da missão e do espírito desta instituição. É entre as disciplinas que as mudanças acontecem e a centralidade das artes performativas, da dança e da música experimental contribuiu profundamente para a reputação internacional de Serralves como uma instituição de arte contemporânea dedicada à promoção do novo. É impossível fazer uma lista de todos os criadores que povoaram Serralves nesse ano e enriqueceram os nossos programas. Mas ao fazer encomendas a Joan Jonas, Maria Hassabi, Robyn Orlin, Juliana Huxtable, Keiji Haino, Sote e Alexandre Estrella, Serralves junta-se a um grupo de instituições irmãs, do Walker Art Center, Centro Pompidou, Tate Modern, LA MOCA e Hangar Bicocca ao MoMA, que demonstram apoio forte e corajoso a alguns dos coreógrafos e músicos mais inovadores do nosso tempo. Além disso, o programa principal, O Museu como Performance , continua a ser uma das iniciativas pioneiras e mais respeitadas neste campo, levando a performance para o centro de todos os espaços do museu, transformando-o em palco. É também adequado que, neste ano de comemorações, esses 20 anos de performances foram celebrados por uma exposição histórica, Estás Aqui – Vinte Anos de Artes Performativas em Serralves , na mezzanine da biblioteca de Serralves, recordando a partir de testemunhos de documentos e artistas, os anos de verdadeira dedicação e compromisso com as artes performativas. Se Serralves é mais do que ummuseu, a biblioteca de Serralves é mais do que uma simples biblioteca. No seu centro está a coleção mundialmente admirada de livros de artista, acumulada ao longo de muitos anos graças à colaboração de Serralves com o seu curador e consultor de livros Guy Schraenen (1948 - 2018), cujo legado foi homenageado na exposição Game Set Match . É também através da biblioteca que os Arquivos Álvaro Siza ganham vida, mais especificamente através das Álvaro Siza Talks , que trazem a Serralves alguns dos arquitetos portugueses e internacionais mais relevantes do nosso tempo para refletir e celebrar o legado de Siza.
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