IMPACTO ECONÓMICO DA FUNDAÇÃO DE SERRALVES
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A consciência da interseção entre economia e cultura é um facto recente que merece ser saudado. Do
lado da cultura, várias instituições, referenciadas no presente estudo, foram pioneiras ao promover a avaliação
do impacto económico, direto e indireto, da respetiva atividade. TratouIse de um passo decisivo para se passar
do plano da retórica, assente na proclamação de que toda a ação cultural é uma boa medida económica (e que,
por vezes, serve tão só para embalar velhos produtos) para o plano da demonstração, assente na avaliação dos
custos e dos proveitos das diferentes opções de intervenção cultural. Todavia, há que reconhecer que em
determinados casos o exercício fica ainda aquém do desejável. FicaIse pela justificação de um apoio público,
perdendo de vista o objetivo último: a avaliação do impacto sobre o desenvolvimento local e regional.
A iniciativa da Fundação de Serralves ao promover esta avaliação independente do seu impacto sobre a
economia da cidade e da região tem que ser calorosamente saudada não só porque se insere na corrente
pioneira das instituições que assumiram que há uma dimensão económica que resulta da sua intervenção, como
também não se limita a pôr em confronto os custos e os proveitos diretos que dela decorrem. TrataIse de uma
avaliação que se perspetiva no plano do território em que a Fundação opera e que, por isso, procura avaliar os
efeitos sobre a atividade da região do Porto.
Nem todos os efeitos são quantificáveis e nem todos se produziram já. Como está demonstrado na
literatura que relaciona desenvolvimento regional e cultura, um dos efeitos mais relevantes tem a ver com o
impacto de uma instituição cultural sobre a imagem da região onde se insere – um efeito que tende a consolidarI
se sempre que a ação cultural é consistente no tempo tanto em termos de qualidade como de intensidade. A
Fundação de Serralves é ainda uma instituição jovem – foi fundada em 1989 – e ocupa já o quarto lugar das
atrações para uma visita à cidade do Porto. Conjuntamente com a Casa da Música, contribuiu para a
transformação da imagem da cidade, que passou a ser identificada com modernidade, vanguarda e criatividade
– valores que são consolidados e reforçados pelo facto de a Fundação ser também sede de um movimento de
empreendedorismo cultural.
Lisboa, 12 de fevereiro de 2013
Carlos S. Costa
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